segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Venezuela: as eleições regionais

Normalmente as eleições regionais não atraem os votantes venezuelanos tanto quanto as presidenciais. A Venezuela historicamente é um país de governo presidencialista; vota-se também pela pessoa, mais que pelas suas ideias e a situação actual não escapa a esta premissa. No próximo 23 de Novembro, a Venezuela elege 23 governadores e uns 350 alcaides, os quais exercerão as suas funções durante 4 anos. Há 4 anos, o governo (ou seja, Chavez), conseguiu 21 das 23 governações e a quase totalidade das "alcaldias". Desta vez, os resultados serão menos satisfatórios para ele. Prevê-se que a oposição possa vir a ganhar entre 8 e 12 governações de Estado e mais de metade das alcaldias. Para evitar esta hecatombe governamental, as instituições do Estado deram uma mão a Chavez, inabilitando os candidatos da oposição com maiores possibilidades de ganhar. Esta decisão da "Contraloria Geral da Republica", esbarra com o que está na Constituição de 1999 (feita à medida de Chavez) que diz que só poderão ser inabilitados para cargos públicos de eleição popular aquelas pessoas que tenham sido condenadas por um tribunal penal do País, coisa que não sucedeu em nenhum dos casos. O certo é que os principais candidatos ficaram pelo caminho. No meio de toda esta violação da Constituição, Chavez aproveitou para introduzir 26 leis que já tinham feito parte da Reforma que em 2 de Dezembro de 2007 tinham sido negadas pelos votos dos venezuelanos. Sendo assim, hoje em dia essas leis estão em plena vigência, contrariando a vontade do povo.
Esta atitude do governo de querer impor as suas regras contra a vontade popular está a levar o País a uma época de confrontos que podem chegar longe demais, com consequências difíceis de imaginar, mas seguramente muito duras para este povo que a única coisa que quer é viver em paz e harmonia.
Os dias que se aproximam podem levar a Venezuela a uma situação que trará enfrentamentos entre os venezuelanos, o que muito provavelmente provocará a impossibilidade de realizar eleições e a instauração dum governo mais autoritário do que hoje temos e ainda com menos liberdade do que aquela a que nos tínhamos acostumado nos últimos 40 anos.
Sopram ventos totalitários nesta querida terra. A liberdade pode ser anulada de um dia ao outro. Vamos todos votar para tratar de evitar essa possibilidade. Senão, que Deus nos proteja!
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Rui Luzio