sábado, 14 de março de 2009

o raio 10 ou as ganas de os defenestrar

Antes de conhecer a náusea provocada pela diarreia legislativa, estagiei no terreno um pouco por todo o norte de Angola, incluindo Cabinda.
Como isto anda tudo ligado, estou convencido de que os altos comandos militares sofriam dos mesmos distúrbios que o legislador dos tempos que correm; ele há-de haver um ADN comum aos burocratas todos, ou então é vírus que se alapa a quem nos trata como marionetas.
Em princípios de Fev. de 73 foi-me atribuída uma operação especial numa zona de 2 grandes lagoas; fomos largados em 2 vagas de 3 helicópteros, como procura retratar a pequena foto entranhada na barra lateral (da alma?); no canto superior direito ainda se vê parte do heli-canhão que nos dava protecção.
Antes de partirmos, num briefing com um major vindo do comando operacional de Luanda, fartei-me de o avisar de que a zona de largada era então um imenso mar de água; mas o cão não tirava os olhos da carta militar onde delineara a operação a partir do conforto do seu gabinete no comando-chefe em Luanda. Era do que percebia e quem manda sabe.
Carregados e armados até aos dentes, andámos 4 dias e 3 noites entranhados na água e lama, no odor a podre; a malta do émpêlá, essa, puzera-se ao fresco, que aquilo era prós tolos do “puto”, aquela terra lá longe onde havia castelos em que não acreditavam. Mal pusemos os desgraçados pés no execrando buraco que servia de aquartelamento, chega célere a mensagem: “Peço transmita a pessoal dessa que executou Acção Raio 10 a apreciação deste Comando pelo espírito sacrifício demonstrado mesma”. Só a tiro, meu alferes, gritava o destroçado grupo de combate, só a tiro!!!
Nos tempos que correm as armas não fazem qualquer sentido, mas hão-de existir meios adequados a pôr em sentido esta ignóbil casta. Que tal entrar pelos gabinetes dos burocratas adentro e defenestrá-los um a um?
Será crime?
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Vou-me prá beira do mar,
onde há robalos, pregados e