terça-feira, 17 de março de 2009

hoje apetece-me Shakespeare

Acabei de chegar a casa muito shakespeareano.
Apetece-me citá-lo, não pela célebre frase de Hamlet: to be or not to be, that's the question (ser ou não ser, eis a questão).
Como uma imagem vale por mil palavras, vou lembrá-lo, sim, por via dum bandido espertalhaço do faroeste americano de meados do séc. XIX (1).
Aqui vai:
E para que não restem dúvidas sobre o profundo conhecimento do universo shakespeareano por parte de Frank James, irmão do famoso Jesse James dos hold ups (2),
aqui o cito de novo:

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(1) Referência bibliográfica: Lucky Lyke - Jesse James, desenhos de Morris (aliás Maurice de Bevere, aliás Morris) e texto de René Goscinny; Liv. Bertrand, s/ data;
(2) hold up: assalto à mão armada em que o bando de Jesse James se especializou com grande sucesso e fartos proveitos.

mulher de rua

Às vendedeiras de primaveras

Joana é uma mulher de rua
Uma prostituta como outra qualquer
Um carro que pára
Uma entrevista breve à janela
Um chulo à espreita duma vida que é sua
Joana, apesar de tudo é mãe, é mulher
Joana vende o corpo a uma tarifa muito cara
Mas Joana vive uma vida que não é a dela
Joana agoniza no seu quarto arrendado
E maldiz tudo o que a rodeia
Especialmente a sociedade podre onde habita
Joana não está livre de pecado
Joana é apenas uma abelha mais na colmeia
Que faz amor e não se excita.
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- Carlos Luzio, Pescador de Sonhos/Joana; edição dos Amigos/2005.
- Imagem extraída de "Imaginário", texto e desenhos de Horacio Altuna, Ed. Meribérica, 1990.
- Em 70 conheci na cantina da Universidade de Lisboa uma estudante japonês que me disse que a tradução literal para português da palavra prostituta era vendedeira de primaveras.