quarta-feira, 17 de março de 2010

Conhecer o património natural

Não há Câmara Municipal que não tenha feito aprovar os seus regulamentos de taxas e licenças para os mais variados gostos e paladares. Basta dar um salto ao site de cada um dos municípios do país para encontrar n regulamentos sobre a matéria x 308 municípios.
Porém, dificilmente encontraremos um levantamento do património natural ou paisagístico dum município. Dos regulamentos dos planos directores municipais (PDM's) constam escassas e muito vagas referências ao ordenamento, gestão e preservação do meio ambiente.
A propósito das competências da câmara municipal, a alínea m) do n.º 2 do art.º 64º da Lei das Autarquias Locais diz-nos que cabe àquela "assegurar...o levantamento, classificação, administração, manutenção, recuperação e divulgação do património natural, cultural, cultural, paisagístico e urbanístico do município..."
Talvez por se tratar da última alínea da lei referente ao planeamento e desenvolvimento, as coisas funcionam como aquelas cláusulas gerais dos contratos que são escritas em letra miudinha: ninguém as lê.
Daí a pergunta: 
Quantos municípios conhecem e identificaram os seus cursos de água e zonas húmidas, os espaços florestais, bem com a sua fauna e flora? Que aves, mamíferos e outros animais selvagens temos e quais são os seus hábitos? Que medidas devemos tomar para a sua preservação?
Os municípios não sabem e nós muito menos. 
O que conta são as visões economicistas do espaço físico que nos rodeia.
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Imagem extraída dum post sobre uma viagem ao rio Mondego, AQUI.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Lampreia na Bairrada

Ensinam os livros que a lampreia (petromyzon marinus, linnaeus - 1758) é um membro primitivo da classe dos ciclóstomos, semelhante aos peixes da família dos agnatas, isto é, sem maxilas.
É sobretudo a partir deste mês que o bichinho, vindo do mar para desovar, se aventura a entrar nas barras dos rios a norte do Mondego, onde é mais apreciada.
Apesar de não ser alta, loura, nem ter olhos azuis, esta imigrante feiísssima e de ar untuoso tem uma fiel legião de fãs, entre os quais me encontro.
Tal como outras e menos higiénicas louras, é fácil encontrá-la à beira da estrada. Os sítios e pose que preferimos ficam ao longo dos rios Vouga (Paradela, Pessegueiro e Sever do Vouga) e Mondego (Montemor, Ereira, Porto da Raiva), sendo várias as formas de a servir à mesa. Cá por mim, fico-me pelo célebre arroz de lampreia, apresentado como a imagem mostra.
A novidade está na feliz circunstância do muito nosso Pompeu dos Frangos ter passado a servi-la ao almoço de 6ª feira. Para gáudio dos fãs, o Carlitos Aires introduziu o petisco na época passada. Basta dar um saltinho ao restaurante nascido em Bustos, mas instalado na Malaposta - Anadia desde 20 de Novembro de 1963.
A viagem até à antiga malaposta vale mesmo a pena.
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A imagem foi extraída da Wikimedia.
Quem quiser conhecer um pouco da vida e obra da saborosa migrante pode ir até ao Aquário Vasco da Gama, aqui.