sábado, 31 de outubro de 2015

A demanda dos dinossauros

Imagine que:
O CDS não existe.
Bom grado ter governado em maioria absoluta e propalar aos sete ventos que as rigorosas metas orçamentais foram cumpridas, a coligação PS/PSD perde estrondosamente as eleições para a esquerda. 
Exaurido e em coma profundo, resultado de 4 anos de austeridade à bruta, o país votou pela mudança. Esquecida a escandaleira dos desastrosos resultados duma tradição feita traição, os portugueses recuperam a saúde física e mental. 
Inevitavelmente, a despesa pública vem por aí abaixo, para o que muito contribuiu a poupança no SNS.
Como por encanto, o país anima com a inusitada recuperação do investimento e o aumento dos postos de trabalho. Afastados os velhos do Restelo, a receita dispara, bem alavancada pelo aumento das exportações e por um bem controlado aumento do consumo interno, que aforrar também é preciso.
Investidores e banqueiros rejubilam. São rosas, Senhor! – proclamam, enquanto a procissão regressa ao futuro.
Atordoado pela reviravolta do processo histórico, o tio Karl Marx salta da campa e decide ir acampar para os lados da Lourinhã, em busca dos dinossauros perdidos. 
Com ele, o inseparável amigo Frederich.
Sem surpresa, dão de caras com a matriz da sua demanda.
Enquanto o diabo esfrega um olho, o país vê erguido o maior museu do mundo de pegadas de dinossauros e outros achados arqueológicos.
E lá vamos todos depois da festa do Avante, a galopim, galopim.
Antes que se faça tarde e o comentador/candidato (que também veio de lá) chegue 1º.
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- Desenho adaptado, com a devida vénia, daqui.
- Galopim de Carvalho, conhecido como o avô dos dinossauros.

domingo, 25 de outubro de 2015

Outra vez a 1ª vez

É o que estou a viver, confesso e as razões são três:
1ª – Nunca estive tanto tempo em férias sabáticas do meu jornalinho de parede. Sabia que tinha de voltar e aqui estou de novo, cerca de ano e meio depois.
2ª – Porque “como em quase todas as coisas da vida, a 1ª vez é muito saborosa. Alguma vez tinha de acontecer”.
As palavras são dum treinador de futebol, em êxtase por ter ido ganhar à Luz, desfecho que espero não se repita hoje. Citei-o aqui, já lá vão 6 anos e meio.
3ª – Porque António Costa anuncia um acordo à esquerda, fugindo à tradição de serem sempre os mesmos a governar.
Aquando da vitória dos partidos da direita em 2011, o líder do partido mais votado anunciou que o acordo de governo com o CDS só seria conhecido após a nomeação do mesmo.
Agora, exigem que o acordo PS/BE/PCP seja conhecido já.
Contra a corrente da esquerda, sou dos que pensam assim. Em 2011, como hoje, PSD e CDS eram “farinha do mesmo saco”. Em contraponto, analisados os programas eleitorais dos 3 partidos da esquerda representados na Assembleia da República, há muito a dividi-los e a campanha eleitoral foi reflexo disso mesmo.
Venha de lá o raio do acordo pré-governativo, que eu estou em pulgas! 
Afinal, quem não desejaria viver outra vez a 1ª vez?
Ninguém vos está a pedir que se casem, basta que juntem os trapinhos, com tudo preto no branco e que fechem os olhos à sacrossanta NATO, essa coisa que apoquenta tanto os portugueses, a ponto de não os deixar dormir. Pelo caminho, não vinha mal ao mundo se engolissem alguns sapos vivos.
Entretanto, do acordo pouco ou nada se sabe.
Espera-se que a vontade do líder do PS vá além desta imagem aqui repetida:

Espera-se, sobretudo, que nos livrem duma austeridade que serviu para aumentar o índice da pobreza, à custa do enriquecimento dos grandes interesses económicos e financeiros.
Bem vistas as coisas é pouco o que o país real quer e deseja: justiça e moralidade.