terça-feira, 29 de março de 2016

Carlos Luzio, pescador de tantos sonhos - I


O Carlos Luzio deixou um baú de poesia por editar e publicar.
Vai sendo tempo de acordar tanta poesia adormecida.
Doze anos antes de ir de abalada o Carlos soletrou este

Com "A" se escreve amor

Com "a" se escreve amor,
Com "a" se escreve o teu nome
Que tantas vezes tenho repetido.
Com "a" se escreve o teu apelido,
Com "a" de amor
Que partilhamos os dois.
Mas com "a" se escreve adeus
E morre o "a" quando se apaga o calor.
Não há "a" na palavra dor,
Mas aparece no final da angústia
De ser e de não ser
indiferente.
Depois renasce no "a" de ansiedade
E ganha mais força na amizade.
Por isso é que gostava de ser um artesão
Para moldar o teu rosto com a mão,
E desenhar uns lábios cor de rosa
E colorir a tua suave pele de um rude moreno,
E depois traçar no teu rosto o "a" de ameno
Para o pintar com o "a" de acariciar,
Deixando os meus dedos descer até à cintura
levando nas mãos os dois "a" de amar,
E nos meus lábios a febre da ternura
Que parece que se esquece
E que parece já não dura,
Com o "a" no final da vida
Que arrefece
Com o mesmo "a" à beira da loucura.
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- Poema datado de 24FEV92